Já faz algum tempo que todo ano é considerado “o ano do mobile marketing”. Porém esta é uma previsão que simplesmente não se concretiza – é triste, mas é verdade. Presenciamos enormes avanços no campo e, cada vez mais, temos mais certeza que o próximo ano será “o ano do mobile marketing”, mas nunca é. Mesmo depois de uma incrível expansão do ambiente mobile nos últimos anos, e sua crescente naturalização, fazer mobile marketing ainda parece, para alguns, um risco. “Será que a forma de interação que posso promover e o tipo de mensagem que posso mandar vai mesmo atingir o target do meu cliente? Será que este público-alvo vai realmente se engajar nas minhas ações de mobile marketing?” Perguntas como essas, provenientes da falta de experiência e conhecimento no campo, terminam por postergar indefinidamente o tão esperado “ano do mobile marketing”.
A real pergunta aqui é: “Porque este ano seria diferente?”
Segundo Rohit Bhargava (dentre outros méritos, o criador do temo social media optimization ), este ano representa um momento único para o mobile marketing, pois muito do que foi previsto acerca do ambiente mobile por especialistas e pensadores no campo cultural (e sociológico) está se tornando realidade no marketing. Bhargava defende sua colocação destacando cinco conceitos que evoluíram e estão se consolidando justamente por serem diretamente ligados ao marketing – alguns deles até já foram pautados em uma apresentação de slides publicada há algum tempo aqui no blog.
Short Code: Assim como o sistema de URLs permite que as marcas tenham seus endereços online, o Short Code dá a elas um “endereço” (não de uma URL, mas de um código facilmente memorizável, de qualquer jeito, uma via expressa) de receber mensagens diretas dos seus consumidores no ambiente mobile. Mais simples impossível: basta enviar um nome ou um número de 5 dígitos via SMS e você inicia um interação.
LBS (Location Based Services): Uma das maiores capacidades dos novos telefones celulares (ou dos Dispositivos Híbridos Móveis de Comunicação Multirredes, como diria André Lemos) é a geolocalização – e este é um recurso que oferece inúmeras possibilidades para fazer ações locativas de marketing. É claro que a exploração em demasia deste potencial pela publicidade pode sobrecarregar o usuário de informação (ainda mais quando esta não tem relevância para ele), mas, se usado corretamente, os LBS podem atingir resultados supreendentes – e extremamente pertinentes ao consumidor.
App (Aplicativos): Você sabe o que são os aplicativos móveis e, provavelmente, você já tem uma opinião formada sobre eles – se eles vão ou não salvar o mundo. Mas, isto simplesmente não importa. É fato que (salvando ou não o mundo), um aplicativo móvel pode aumentar de forma bastante significativa a experiência de um consumidor com uma marca e o seu engajamento com ela – além de afetar diretamente as vendas, em alguns casos. A “revolução dos Apps” é sustentada, principalmente, pelas novas utilizações que damos hoje aos aparelhos celulares (e ao seu conteúdo); o recente (e já famoso) slogan das campanhas da Apple para iPhone e iPod Touch é o reflexo desta e ubiqüidade que os dispositivos móveis adquiriram: “There’s an app for that” (tradução livre: “Existe um aplicativo para isto”). Num cenário como este, onde é possível achar um aplicativo para melhorar (quase) todas as experiências que você tem com um dispositivo móvel, a forma como lidamos com estes dispositivos e estas experiências, é profundamente afetada. O marketing pode (e deve) se aproveitar disso. O marketing pode (e deve) provocar transformações como estas também.
RA (Realidade Aumentada): É fato que a realidade aumentada finalmente saiu do campo da ficção científica – com algumas limitações, claro – e nem é necessário comentar todo o hype que vemos hoje em dia em torno do seu potencial – só neste blog, já postei vários e vários exemplos, inclusive envolvendo mobile também. Para usá-la enquanto ferramenta de marketing, o que precisamos ter em mente é a sua utilidade real: dos sistemas mais simples aos mais avançados de RA, é possível acessar, através de um dispositivo móvel, uma nova camada do mundo real, que proporciona mais interações, conhecimento, opiniões, sugestões, entre outros. É para isso que vamos usá-la no marketing, não (apenas) para impressionar.
DMPs (Direct MobilePayments): Para além de todas as mudanças que o ambiente mobile proporciona (e pode proporcionar) há também uma questão simples e interessante: a mudança do modo com que as pessoas lidam com o dinheiro – em especial, com os pagamentos. Hoje, ainda é difícil enxergar o real potencial dos “micropagamentos”, mas ele existe. Para ver isto, basta observar um dos ambientes que mais chega perto de colocar este conceito plenamente em prática: a iTunes Store, da Apple. Nela, o usuário possui uma conta, ligada ao seu aparelho, e efetua os pagamentos facilmente a partir dele, com poucos toques – sem procedimentos complicados envolvendo operadores de cartão de crédito ou similares. Há também outras soluções interessantes para a efetuação de pagamentos através de dispositivos móveis, como a campanha “text-to-donate” da Cruz Vermelha para o Haiti. Sistemas de “micropagamento” como este, quando utilizados para a compra e não apenas a doação, podem dar ao marketing uma poderosa ferramenta que afetaria diretamente as vendas diretas (e a velocidade com que elas acontecem).