“A atenção é medida de relevância, não de audiência.” Ouvi esta frase semana passada, no curso de Marketing Político Digital com Martha Gabriel. Eu sei que isso não é nenhuma novidade – muito pelo contrario, ela é (ou deveria ser) o mantra de todo e qualquer profissional que se proponha a agir em mídias sociais – mas é algo que, por muitas vezes, é esquecido.
Não concorda? Pois agora é o momento perfeito para perceber isto, basta observar os políticos no Twitter. Muitos dos marketeiros políticos “tradicionais” simplesmente não entendem que o marketing e a publicidade em mídias sociais não são baseado na exposição, como na mídia tradicional, e sim na interação – na experiência (democrática, no caso) que pode ser oferecida ao público-alvo. O que eles buscam é quantidade ao invés de qualidade de interação.
Meus caros amigos políticos (e respectivos assessores), não caiam nesta paranóia. Marketing político em mídias sociais é muito mais que quantidade. Portanto, conheçam o meio no qual estão se inserido, saibam sua linguagem, seus códigos éticos, suas ferramentas e, principalmente, sua utilidade: interagir – não seja ludibriado pelo filho-da-vizinha-que-sabe-usar-o-twitter que promete (apenas) reunir os seus possíveis eleitores como followers. É para vocês que eu listo 7 erros que estão sendo cometidos por vários políticos no Twitter e que não devem, de forma alguma, ser repetidos.
Você, político, não deve:
Falar antes de ouvir
Se você entrou no Twitter, você já atestou que está disposto a ouvir tanto elogios e quanto criticas – e você vai ouvir muitas, se prepare. O segredo aqui é ouvir para depois falar. Um (pequeno) período de observação, antes de qualquer interação, vai permitir que você conheça melhor o ambiente no qual está se inserido: acompanhe “conversas” sobre assuntos que lhe dizem respeito, identifique os tópicos sensíveis, encontre seus “advogados” – em resumo, tenha uma idéia de onde está se metendo. Lembre-se que entrar no Twitter é “estar onde a conversa está e não esperar o cliente [leia-se eleitor] entrar em contato, aproveitar a força do testemunho espontâneo” (Tudo o que você precisa saber sobre Twitter, pg. 45). Você deve aproveitar as oportunidades que, com certeza, aparecerão para “dar vazão aos entusiastas, promover relacionamento, discutir tópicos relacionados” (Tudo o que você queria saber sobre Twitter, pg. 45), em resumo, fazer-se presente na vida do eleitor.
Escrever em linguagem bíblica
Você não está dando entrevista para jornal, aparecendo na televisão, escrevendo um livro ou enviando uma carta. Você está no Twitter. Portanto use a gramática do Twitter. Perceba que eu o estou orientando para que use as características particulares do meio, não que assassine a língua portuguesa; cometer constantemente erros de ortografia ou gramática no Twitter terá o mesmo resultado em fazê-lo no “mundo real”: você será chamado de burro – vide Xuxa e Sasha. Usar a linguagem do meio é resumir suas idéias em 140 caracteres: use abreviaturas, se necessário, hashtags, links com matérias, imagens, vídeos, quaisquer conteúdos que sejam valiosos (para você) – além de suas opiniões, base de tudo. Você tem uma série de recursos, use-os (corretamente).
(Apenas) se auto-promover
É óbvio que você entrou no Twitter para se promover – não sejamos ingênuos. Ainda assim tente, pelo menos, disfarçar. O valor das mídias sociais está em se aproximar do eleitor e, principalmente, o ouvir. “O importante é não usar o Twitter como veículo tradicional de propaganda, disseminando apenas links próprios e mensagens comerciais, sem interagir.” (Tudo o que você queria saber sobre Twitter, pg. 43). Usar mídias sociais para fazer o marketing político dá a possibilidade de retornar ao berço da democracia: o povo – e democracia implica em discussão, construção e queda de opiniões. Desta forma, respeite as pessoas que optaram por te seguir: dê a elas mais do que a velha conversa eleitoreira, forneça informações – inclusive sobre você.
Falar sobre eleições e sim sobre política
Perceba que falar sobre política é diferente de criticar outros políticos – e, às vezes, falar sobre suas propostas. Se você é um político, com certeza, consome informação sobre política. O Twitter é o lugar de compartilhar isso. Deixe que as pessoas que te seguem também se informem sobre o atual cenário político, ajude-as a construir suas próprias opiniões (ou derrubá-las). Se você quiser fazer isso de um jeito rápido há alguns mecanismos que podem automatizar a publicação de tweets sobre assuntos relevantes, sobre os quais você age ou discute – serviços como o FeedBurner, HootSuite, RSS2Twitter, Dlvr.it e Twitterfeed.
Esquecer de falar sobre sua vida
Há algum tempo a palavra “humanizar” está na moda, principalmente quando tratamos de empresas e políticos. O Twitter no marketing político digital pode ter um papel estratégico neste processo de “humanização”. Você é uma pessoa pública, sim, mas você é uma pessoa (antes de ser pública). Compartilhe pensamentos, sentimentos, emoções, observações, fale sobre seu cotidiano, fale sobre sua família, enfim, mostre que você é uma pessoa – tudo isso com moderação, obviamente. Sua vida importa para os seus eleitores – e ela não se resume apenas a política. Assuntos e observações triviais, o que chamamos de “besteira”, são algumas das coisas que mais fazem sucesso no Twitter. Como disse Martha Gabriel, a possibilidade de você ser retuitado com uma “besteira”, às vezes, pode ser maior do que com uma informação política que você considera de grande valor.
Demorar de responder
O Twitter é um lugar para diálogo, não monologo (de nenhuma das partes envolvidas). Se te mencionam (@), responda. Os usuários do Twitter estão acostumados a interagir em tempo real e esperam que você (que também é um usuário, como tantos outros) faça o mesmo. Sabemos que isso não é possível, mas deve-se tomar o cuidado de responder o máximo de perguntas com o menor delay possível. Estabeleça um timming próprio – Serra, por exemplo, tuita de madrugada, o que terminou se transformando em uma “assinatura” dele. Tenha certeza que pessoas que te veneram podem deixar de fazê-lo rapidamente caso sejam ignoradas – e você, ao invés de ganhar eleitores, perderia. O Twitter é assim. Adapte-se.
Pensar que é importante só porque é um político
Não se deixe iludir pela palavra “seguidores”, você não é nada sagrado. Seja humilde, dialogue com seu público e retuite pessoas que merecem ser retuitadas. A única coisa sagrada no Twitter são as informações – elas sim, são o que interessa. O que você pode (e deve) fazer é apurar o quanto você é realmente importante para seus seguidores. Algo que o ajudará a fazer isso são os encurtadores de URL que permitem você acessar estatísticas sobre links tuitados por você – serviços como o Bit.ly e o Migre.me. Com eles, você saberá a taxa de cliques de cada um dos seus links, a hora que são clicados, se foram (ou não) retuitados ou encurtados novamente, entre outras informações – que revelam um pouco sobre o perfil das pessoas com as quais você se comunica.
É válido ressaltar que esta foi apenas uma dica (de ordem mais prática), porém não substitui, em hipótese alguma, o monitoramento da sua imagem no Twitter (e outras redes sociais nas quais você esteja inserido). Ele deve ser uma constante de toda e qualquer estratégia em redes sociais; não fazê-lo, agir às cegas, é desperdiçar todo o tempo e investimento feito em mídias sociais.
Agora você conhece os 7 pecados capitais dos políticos no Twitter. Evite-os ou cometa-os.