Marketing de Conteúdo e Inbound Marketing. Taí dois termos que confundem muita gente que está começando no Marketing Digital. Algumas pessoas até falam deles como se fossem a mesma coisa conhecida por nomes diferentes. Afinal, o que são eles? Quais as características de cada um? Qual dos dois traz maiores resultados?
Não precisa esperar pelo Globo Repórter. Eu vou esclarecer um pouco essa confusão aqui no Intermídias.
Antes de ver a relação entre Marketing de Conteúdo e Inbound Marketing, vou tentar resumir a ideia central de cada um deles.
Começando com o Inbound Marketing
Como diz aqui no blog, o Inbound Marketing também é conhecido como Marketing de Atração, porque toda a sua metodologia gira em torno de atrair o cliente para a empresa (ou produto) ao invés de bombardeá-lo com propagandas de forma inconveniente.
Essa atração acontece, principalmente, com a criação e compartilhamento de conteúdos que são relevantes e úteis para o cliente ideal. O objetivo do Inbound Marketing é ser encontrado online, para que assim você possa fazer com que o visitante tome a melhor decisão de compra, se torne um cliente satisfeito e (futuramente) divulgador da sua marca.
Já Marketing de Conteúdo…
O Marketing de Conteúdo tem a finalidade de transformar as empresas em fontes de conhecimento últil. Então todas as suas táticas estão voltadas para a produção de conteúdo de qualidade, que sejam relevantes para o cliente ideal.
Esse conteúdo – que pode estar em um blog, eBook, webinar, etc. – não deve ser para divulgar a empresa e suas ações, mas deve estar focado em ajudar o cliente a solucionar seus problemas e a alcançar seus objetivos pessoais (afinal, como consumidores, é isso que queremos na verdade, e não apenas comprar uma marca, né?).
Entendendo a relação entre os dois
Ok. Já vimos que tanto o Inbound Marketing quanto o Marketing de Conteúdo têm coisas bem parecidas, e que são baseadas em educar um mercado, ajudar um cliente em potencial em sua compra e – finalmente -, conquistá-lo. Mas qual deles usar? Devo usar os dois? Qual a relação entre eles?
Como essa parece ser uma dúvida comum, a Hubspot, empresa que lançou o conceito de Inbound Marketing para o mundo, fez uma pesquisa (State of Inbound) com quase 4.000 profissionais de marketing, vendas e serviços este ano, e incluiu a seguinte pergunta: “Qual a melhor descrição para a relação entre Marketing de Conteúdo e Inbound Marketing?”.
O que você responderia? As opções eram:
- Marketing de conteúdo e Inbound Marketing são a mesma coisa
- O marketing de Conteúdo é um subconjunto Inbound Marketing
- O Inbound Marketing é um subconjunto do Marketing de Conteúdo
- Marketing de Conteúdo e Inbound Marketing são duas coisas completamente diferentes.
Eu, particularmente, entendo o Marketing de Conteúdo como uma parte do Inbound Marketing. Mas ao mesmo tempo, o Inbound depende do Marketing de Conteúdo para existir, pois é ele quem vai atrair tráfego e conduzir o visitante à conversão.
Como somente minha opinião não muda muita coisa, vamos aos resultados da pesquisa. E… quase 60% dos profissionais de Marketing concordam comigo!!! A maior parte dos profissionais de vendas e serviços também pensa assim.
Quando vi os dados já me senti segura com a confirmação. Mas você ainda poderia dizer “Ahh, claro que a Hubspot vai priorizar os dados daquelas pessoas que são clientes dela…” (pra quem não sabe, a Hubspot vende sorfware para Inbound Marketing) e posso dizer que também pensei assim .
Acontece que eles fizeram a mesma pesquisa com profissionais que não são clientes e fizeram uma comparação. Houve uma variação entre os dois públicos, mas o resultado não mudou tanto: praticamente metade dos profissionais de marketing que não usam a Hubspot também veem o Marketing de Conteúdo como um subconjunto do Inbound Marketing, uma quantidade cinco vezes maior do que aqueles que acreditam no contrário.
Mas os resultados poderiam variar ainda de outra forma. Assim como a Hubspot vende o conceito de Inbound Marketing, outras empresas de automação de marketing também apresentam suas próprias tecnologias, e o resultado poderia ser diferente a depender da plataforma utilizada pelos profissionais. Por isso a pesquisa foi além, e fez um recorte dos resultados para ver se isso acontecia.
Como resultado… nada muda. Os profissionais de marketing tem praticamente o mesmo entendimento da relação entre marketing de conteúdo e Inbound Marketing, não importa a plataforma que utilizem.
Por fim, eles ainda fizeram a mesma pergunta com um público completamente diferente. Eles fizeram uma pesquisa promovida no Facebook com a segmentação de adultos norte americanos que tivessem interesse em marketing digital, Inbound Marketing ou Marketing de Conteúdo.
Os dados variaram um pouco mais, mas ainda assim os entrevistados escolheram três vezes mais que o Marketing de Conteúdo é um subconjunto do Inbound Marketing do que o oposto.
No fim das contas, de que isso importa?
Na verdade, quando se trata da relação entre Marketing de Conteúdo e Inbound Marketing, deveria ser usado “e” e não “ou”, porque os dois são importantíssimos para alcançar o sucesso.
O conteúdo é o combustível do Inbound, mas também existem outros projetos Inbound por aí, como o SEO técnico e ferramentas interativas, por exemplo, em que o marketing de conteúdo não está incluído.
Se você não avaliar o Inbound Marketing com todas as suas práticas, vai limitar todo o impacto potencial que pode conseguir com suas estratégias. Em outras palavras, sua estratégia de Inbound Marketing deve incluir um superconjunto de ações, e incluir a produção de conteúdo, sem se restringir à ela.
Você também tem a opção de se preocupar em fazer Marketing de Conteúdo e deixar que outro profissional faça Inbound pra você. Isso também funciona. O mais importante é saber que os dois tem uma coisa muito importante em comum: eles produzem conteúdo útil e relevante para o consumidor, pra que ele busque sua empresa como fonte de conhecimento e aprenda quais os melhores passos a tomar em uma decisão de compra. Fazendo isso, tenho certeza que seus resultados vão ser positivos.
Entendeu a diferença (e a semelhança)? Compartilhe com seus amigos e deixe que saibam mais sobre Inbound Marketing e Marketing de Conteúdo.
2 Comments
Alessandra, seu raciocínio está bem estruturado e utiliza uma fonte reconhecida, que é o Hubspot. Ainda assim, eu discordaria da sua conclusão central. Afirmar que content marketing é parte do inbound marketing não tem sentido. Só interessa a ferramentas de automação.
Veja: é natural que uma pesquisa feita pelo Hubspot exclusivamente com o seu público traga a visão que o próprio Hubspot compartilha enfaticamente. Se você ouvir o Content Marketing Institute, verá uma visão oposta a essa. O livro “Content Inc.”, do Joe Pulizzi, derruba com certa facilidade essa ideia.
Ok, você poderia argumentar que o CMI também é interessado em puxar a brasa para a sua sardinha. Que tal, então, usarmos um mecanismo neutro? Google, por exemplo. Observe no link abaixo que “content marketing” é quase três vezes mais buscado que “inbound marketing”.
https://www.google.com.br/trends/explore#q=content%20marketing%2C%20inbound%20marketing&cmpt=q&tz=Etc%2FGMT%2B2
Veja: em content marketing, uma empresa pode ter inúmeros objetivos: awareness, posicionamento, geração de leads, retenção de clientes etc. Para alguns objetivos mais relacionados a conversão, usa-se inbound. Simples assim. Ademais, as ferramentas de automação de marketing, base do inbound, são cada vez mais criticadas pela prática de SPAM. É impossível prever sua vida útil, mas é seguro afirmar que o mundo está farto de SPAM.
O Hubspot aproveita os pontos de intersecção dos dois conceitos para distorcer a realidade e confundir as pessoas. Me faz lembrar líderes religiosos que pregam que a sua igreja é maior que a religião. Daí meu alerta para se buscar sempre mais de uma fonte, uma vez que a nenhuma delas interessa a isenção.
Cassio, antes de qualquer coisa obrigado pelo comentário. É uma honra poder discutir com expoentes do mercado. Dito isso, vamos à parte interessante: eu concordo com a conclusão da Alessandra.
O Joe Pulizzi fez um post no blog do Content Marketing Institute falando justamente de uma discussão que ele teve com outro profissional, da HubSpot, e chegaram a conclusão que “Content strategy / Content marketing / Inbound marketing…let’s all get over ourselves. It’s pretty much all the same s**t.”
Mas tem uma dúzia de profissionais, como eu, que discordam disso. São coisas diferentes (e intimamente relacionadas), mas o overlap (que é bem grande) dificulta enxergar os limites de cada uma delas. Mas uma primeira diferenciação que eu gosto de fazer, e me incomodou bastante no seu comentário, é a distinção entre a Metodologia do Inbound Marketing e as Ferramentas de Inbound Marketing.
Honestamente, apesar deu ser certificado pela HubSpot (e a Alessandra também, inclusive), eu não sou um grande fã da ferramenta – na verdade, acho que ela é tão boa quanto qualquer outra, como a RD Station (que é bem mais barata) e a Mautic (que é gratuita e Open Source) – eu sou fã da metodologia.
Por que? Porque a metodologia Inbound consegue corporificar tudo o que o Marketing Digital “vende” como diferencial desde seu surgimento, mas não consegue “entregar” com solidez e unicidade: data-driven marketing. Sejam dados gerais, como no estágio de Atração (no qual trabalhamos com amostragem de um grande público, que ainda é potencial) até o de Conversão (no qual utilizamos as pistas que o público cativo nos dá para avaliarmos o melhor apelo para conduzí-lo para conversão, e, o melhor, de forma automática), todas as decisões e ações do Inbound são desencadeadas por dados e geram também um banco de dados sobre os leads.
Outra grande diferença que eu vejo e valorizo no metodologia Inbound, é o direcionamento para um objetivo palpável para o cliente (geração de negócios) – o que nem todas as empresas que fazem marketing de conteúdo tem. OK, vamos desconfiar do State of Inbound porque foi uma pesquisa feita pela HubSpot? Sem problema, temos a pesquisa “Content Marketing no Brasil”, que um dos realizadores é a Tracto, para nos mostrar esta diferença muito bem: logo nas conclusões principais da pesquisa há a constatação que, de 2014 para 2015, o número de empresa brasileiras que faziam Content Marketing “eficaz” caiu. Elas deixaram de ser eficazes? Não, na verdade nunca foram eficazes.
O entendimento do que é ser eficaz para o marketing de conteúdo (sozinho) pode ser ter maior alcance e engajamento nas mídias sociais, o que já sabemos que pode não corresponder a resultados financeiros para o cliente. Já no Inbound Marketing, é preciso haver ROI claro (não simplesmente ‘branding’) e uma relação custo/benefício que demonstre que a estratégia é viável para o cliente: ele não quer saber de fãs ou crescimento de mailling, o objetivo é gerar leads qualificados e vender para eles – e, para fazer isso, é utilizado um pool de táticas e ferramentas de marketing digital. Entender que o Marketing de Conteúdo pode ser usado para geração de leads e conversão é válido, mas dizer que isso é Inbound seria ignorar uma gama de disciplinas relacionadas com as quais o Inbound dialoga e depende (SEO, CRO, etc).
SPAM, isso sim é algo que me preocupa bastante! É possível fazer SPAM no Inbound Marketing? Sim, o e-mail marketing é a maior prova disso; mas também é possível fazer SPAM no SEO – os auto-blogs que o digam – e até no Marketing de Conteúdo – o que vemos de artigos ruins, mal escritos ou simplesmente produtos de ferramentas como The Best Spinner publicados em blogs e comentados de forma automática com programas como o Magic Submitter não está no gibi.
Pensando matematicamente seria uma relação de pertencimento: Marketing de Conteúdo está contido no Inbound Marketing – assim como a Adição está contida em Operações Matemáticas, e nem por isso há mais buscas por “Operações matemáticas” que “adição” no Google.